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Antes do fatídico 11 de março de 2020 os relacionamentos afetivos já apresentavam os sinais dos tempos. As mulheres, à medida que ganhavam espaço no mercado de trabalho, mais se distanciavam dos antigos modelos de "esposa/dona de casa/mãe". Foram anos e anos de DR´s, separações, retornos, divórcios, com e sem filhos. Relacionamentos abusivos, de ambas as partes eram discutidos em várias instâncias, das mais simplificadas até elaborados artigos científicos.

E quem imaginava que tudo isso poderia piorar?

E piorou muito quando muitos casais foram obrigados a dividir um pequeno apartamento ou casa com seus filhos, 24 hs por dia, 7 dias por semana. Afinal, a ordem era: Fique em casa. Ninguem sabia o que estava acontecendo, mas todos tínhamos a certeza que corríamos riscos.

Evidente que boa parte da população mundial, por influencias governamentais e/ou direcionamentos pessoais, deixaram de aderir ao DISTANCIAMENTO SOCIAL e continuaram agindo como se tudo estivesse bem.

A grande maioria dos que preferiram não se arriscar, começaram a se ajeitar em casa, trabalhando online. Cozinhas, salas, varandas, quartos e até corredores viraram mini escritórios. O barulho do transito das grandes cidades foi substituido pelo som das panelas, pelo choro e correria das crianças e pelo assustador silencio das ruas.

A pergunta constante era: quando vai acabar? Havia os que apostavam em 1 mes, 3 meses e os mais pessimistas em 6 meses ou um ano.

Na verdade ninguem estava preparado para esse enfrentamento familiar diário, entre planilhas, e-mails e reuniões e a necessidade de continuar pagando as contas e sobrevivendo.

Muitos casamentos acabaram, muitos pais e mães perceberam que não tinham a menor ideia do que era criar uma criança e praticamente todos precisaram arregaçar as mangas, literalmente. Tinhamos todos que lavar, passar, cozinhar, limpar a casa e continuar trabalhando, num verdadeiro caos. As escolas pararam e quando reiniciaram perceberam que tambem não estavam preparadas para o ensino à distancia.

E onde ficavam os afetos???

Os mais maduros e resilientes conseguiram administrar toda a confusão estabelecida, enquanto acompanhavam os noticiarios, ávidos pela "libertação".

Nesse cenário as agressões físicas e verbais entre pais, filhos, irmãos, etc, se tornou uma constante. Já não se comemoravam datas festivas, já não havia encontros de fim de expediente e as roupas alinhadas foram substituidas por peças confortáveis e muitas vezes antigas. Os cabelos cresciam e embranqueciam e iniciou-se uma adesão aos visuais naturais.

E o afeto???

Ele estava por lá, em algum lugar, mas bem menos exposto que antes. Afinal o importante era sobreviver, manter o trabalho ou até trocar de emprego e ao longo de um ano absurdamente anacrônico, muitos foram se habituando, criando rotinas, aparando arestas e tentando manter a resiliência, mesmo quando um membro da familia era internado e......desaparecia. Sim, a pior parte da pandemia era o "desaparecimento" dos seres amados, que após entrarem num hospital abarrotado, de lá saiam sem direito a serem velados.

Quantos de nós sentiu e ainda sente essa sensação estranha de saber que jamais verá um irmão, um pai, uma mãe, sem nem ao menos poder se despedir. Luto???? Isso passou a ser coisa de uma passado recente e rapidamente esquecido.

o Importante era sobreviver, com ou sem afeto, só ou acompanhado.

Nossos semblantes traduziam um impiedoso abandono do Ser Humano construido, que desmoronava dia após dia.





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