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Se você imagina que essa forma de relação se restringe apenas às “amorosas”, saiba que está enganado(a). Qualquer relação que traga sofrimento a um ou uns, em detrimento de outro ou outros, é sim abusiva!


Quando se toca nesse assunto sempre nos vem à memória o estereótipo da criatura que agride, humilha e sacrifica, física ou mentalmente a alguém. Óbvio que esse é o modelo mais conhecido das pessoas abusivas. Mas o abuso, em si, vai muito além.



Imagine alguém que prive outro alguém de relações comuns, saudáveis e corriqueiras. Imagine que a criatura “privada” não tem como se manifestar. Imagine que há dezenas de pessoas, crianças, idosos e vulneráveis que vivem em submissão, em medo constante, em sobressalto, temendo atitudes de quem os conduz e de quem muitas vezes dependem.


Essa forma silenciosa de abuso talvez seja a mais cruel, a mais nefasta e aquela que renderá frutos de toda espécie. Os códigos “mudos”, os olhares, os julgamentos sem palavras abusam, sim, do desenvolvimento natural e normal de qualquer ser humano.


Antes de mencionar que a colega de escola vive um relacionamento abusivo, reflita. Será que o seu relacionamento com seus irmãos, com seus amigos, com seus colegas de trabalho não envolve um certo abuso? Será que aquele irmão que desune a família, não é um elemento abusivo? Será que aquela amiga que fala de um e de outro amigo em comum, não é abusiva? Será que o colega de trabalho que julga o tempo todo e a todos não é, ele, um tremendo abusador? Será que a mãe/pai, separada(o) do pai/mãe, que conta ao filho que ele/ela terá um outro filho para quem terá mais tempo não está sendo abusiva(o)?


O abuso reside na absoluta falta de escolha!! Seja quem for que lhe tire a possibilidade universal de escolha, estará praticando uma forma menor ou maior de abuso, exceção feita àqueles que não podem ou não estão em condições de exerce-la. De tantos pequenos e quase imperceptíveis “abusos” que vivemos no dia a dia, acabamos por menosprezar os maiores, a ponto de haver quem se culpe até mesmo por estupros sofridos!!


Entre o “cala a boca” de pais assertivos, até um “cala a boca” de amigos agressivos, já se sente o ronronar de falas e atos abusivos. E acabamos nos habituando que o abuso é “normal”. Mas não é. E ele começa na fala, na linguagem do dia a dia e chega às atitudes grotescamente agressivas.


Não sei de onde tiramos a ideia que frases como: “vc é maluco? Vc é preguiçoso mesmo. Vc não tem jeito” e por ai vai, são comuns e normais. Não são!!! Talvez essa nossa língua cheia de misturas culturais, cheia de maneirismos e que mais parece um dialeto indecifrável, nos auxilie a tolerar tantas e tantas agressões, bem como nos autoriza a agredirmos na mesma proporção.


Descontando a semântica e a fonética, há a realidade dos acontecimentos diários, carregados de pequenas e grandes agressões e abusos. Se nos acostumamos com um “vai lavar roupa d. Maria” ou um “só podia ser mulher” no trânsito, seremos presas fáceis de colegas e líderes perversos e pior, de namorados(as) e maridos/esposas igualmente perversos.


Ninguém pode ou deve ameaçar nossa integridade física ou mental, seja essa pessoa um médico, um amigo, um marido, um namorado e até mesmo um pai ou um filho. Ninguém deve nos tirar o direito de opinar e decidir.


Se permitirmos seremos co-autores dos abusos e teremos que compreender que há quem goste de oprimir, há quem precise da opressão, e que isso não é normal. O tema é tão atual e corriqueiro, que poderíamos perguntar: você já foi abusado hoje? Fisica e/ou emocionalmente? Pense sobre o assunto!!!

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