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Num mundo onde as pessoas se tornam mais atentas a detalhes, onde a informação está ao alcance das mãos e dos olhos, onde as pessoas falam muito e pouco interagem, creio que sim.


As mães de 40 anos atrás dispunham de informações limitadas desde a gestação. Os ultrassons eram borrões apenas compreensíveis aos médicos e profissionais especializados. Não dispúnhamos de exames elaborados a cerca do desenvolvimento fetal, muito menos podíamos saber o sexo do bebê.



A gravidez era uma experiência natural e pouco envolvida em preocupações. Ignorar fatos e circunstâncias eram a regra e a surpresa fazia parte do cenário. A criação dos filhos ficava a critério do bom senso familiar, dos conselhos dos avós, tios e amigos e pouco nos preocupávamos com uma extensa carteira de vacinas, embora elas já existissem e fossem adotadas.


As crianças cresciam em ambientes familiares, iam para a escola mais cedo ou mais tarde, conforme as necessidades da própria família. Mães que trabalhavam precisavam recorrer às escolinhas para cuidar dos filhos, em conjunto, ou não, com avós ou tias disponíveis. Lembrando que haviam famílias onde os mais velhos cuidavam dos irmãos mais novos para que os pais trabalhassem.


As mães daqueles dias eram tão preocupadas quanto as de hoje, mas não com os mesmo aspectos. O desejo fundamental estava em criar as crianças de maneira que se tornassem adultos prósperos, saudáveis e felizes.


Era bem mais simples? Sim, até porque as expectativas eram menores. Hoje as mães têm filhos um pouco mais tarde, em geral programam a gravidez e o número de filhos que desejam ter, exceto aquelas que enfrentam dificuldades para engravidar ou manter a gestação.


Num mundo onde podemos planejar e controlar acontecimentos, não seria diferente com as gestações e com a criação dos filhos, certo? Não, erradíssimo.


Mesmo que o bebê tenha vindo de uma gestação planejada, ele ainda é um individuo, único, especialmente peculiar e diferente de todos os outros.


Como conviver com as dúvidas sobre a gestação, sobre o desenvolvimento do bebê e sobretudo, como conviver e cuidar desse bebe, até que ele se torne ao menos adolescente ou jovem adulto?


Como conhecer as emoções dos filhos, como saber se estão felizes, se estão se desenvolvendo dentro das médias mundiais esperadas, se comem e dormem corretamente, se falam o suficiente, se caminham e se exercitam o tanto que deveriam, se estão saudáveis física e emocionalmente, se já deveriam estar na escola, se.....se.....se!


Não é por acaso que as famílias, em especial as mães, sentem-se exaustas logo no primeiro ano dos filhos. As expectativas aumentaram na mesma proporção da informação, nem sempre de qualidade, e da culpa/medo das mães de não estarem cumprindo seus papeis corretamente.


Respondendo à questão inicial, creio que a maternidade nos dias de hoje imprima maior dificuldade, sim, não pela maternidade em si, mas pelas expectativas e exigências sociais. E essa é uma questão importante, uma vez que nossas crianças conduzirão o mundo num futuro bem próximo.


Nossas pequenas e belas obras de arte estão em construção e os artistas somos nós: pais, avós, tios, sociedade. Portanto, a responsabilidade é nossa. Temos opção de criar uma população mais saudável em todos os sentidos.


Precisamos nos preparar ou pelo menos ajustar nossas atitudes de maneira a não causar prejuízos duradouros. Precisamos, todos, aprender a simplicidade da vida e de nossas crianças. Precisamos aprender a educar, criar com saúde e construir com afeto, não apenas corpos, mas almas humanas dignas.


Não é tão difícil assim, mas para isso é preciso que compreendamos o mundo infantil e respeitemos seu delicado desenvolvimento.


Cada vez tenho mais vontade de escrever sobre esse tema, que tanto me encanta e sobre o qual sei que posso contribuir, ainda que minimamente!

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